HISTÓRIA
Os incas, originários das montanhas do Peru, expandiram o seu controle a quase toda região dos Andes. A civilização inca alcançou o seu apogeu no século XV, sob Pachacuti. Entre as suas realizações culturais está a arquitetura, a construção de estradas, pontes e engenhosos sistemas de irrigação.
A história da civilização inca pode ser dividida em períodos e/ou culturas que se sucederam, sendo complexa a sua datação como pode ser visto na literatura existente, fundamentando-se em descobertas arqueológicas, pesquisas de documentos históricos e análises etnográficas. A linha do tempo que se segue é uma adaptação das pesquisas dos historiadores Coe; Michael[4] e Longhena; Alva
LINHA DO TEMPO
4000 – 1800 a.C. – Período pré-cerâmico(nômades caçadores, tecelões)
Introdução ao cultivo doalgodão estimada entre 3500 - 2500 a.C.
2000 1400 a.C. - Período Inicial (cerâmico inicial)
- Cultura de Valdívia (domesticação do milho – 1800 a.C.)
1000 (900) – 200 a.C. Horizonte inicial
- Cultura Chavín(1500 a.C. até 500)
200 a.C. – 700 – Primeiro período intermediário
- Cultura Moche (Mochica ou Proto-Chimu) 100 a. C. e o ano 800.
- Cultura Nazca(300 AC e 800)
700 – 1000 (500 – 1.000) Horizonte médio (civilizações urbanas)
Cultura Tiahuanaco (Tiwanaku) apogeu Aymara entre 300 e 1000.
Cultura de Huari (Wari) 500 até 1200
1000 – 1450 – Segundo período intermediário
Cultura Chimu (reinado do século X ao XV) construção da cidade deChan Chan
Cultura dos Sicáns (800-1300) no atual Deserto de Nazca
1450 – 1533 Horizonte tardio (Horizonte Incas
O inca Pachacuti chegou ao poder em 1438 e fez de Cusco (Qosqo, em quíchua, "Umbigo do Mundo") o centro espiritual e político do Tawantinsuyu tinha como área central a região que hoje corresponde ao Norte do Chile, Sul da Colômbia e os territórios da Bolívia, Peru eEquador, abrangendo uma população estimada entre 10 e 30 milhões de habitantes. Em 1531 Francisco Pizarro (1476 — 1541), o conquistador espanhol chegou à região
EXPANSÃO DO IMPÉRIO INCA
O imperador Pachacuti foi o homem mais poderoso da antiga América já que enviou várias expedições para conquista de terras. Quando os oponentes se rendiam eram bem tratados mas quando resistiam havia pouca clemência. Com as conquistas, Pachacuti acrescentava não apenas mais terras ao seu domínio como guerreiros sob seu comando. Sendo talentoso diplomata, antes das invasões, Pachacuti enviava mensageiros para expor as vantagens de os povos conquistados se unirem pacificamente ao império Inca. O acordo proposto era de que, se os dominados cedessem suas terras, manteriam um controle local exercido pelos dignitários locais que seriam tratados como nobres do Império e os seus filhos seriam educados em troca da integração ao Império e plena obediência ao Inca.
Os incas tinham um exército muito bem treinado e organizado. Quando os incas conquistavam um lugar, o povo era submetido a tributação pela qual prestavam serviços designados pelos conquistadores. Os incas encorajavam as pessoas a se juntarem ao Império e quando isto ocorria eram sempre bem tratadas. Serviços postais eram então estabelecidos por mensageiros (chasquis) que entregavam mensagens oficiais entre as maiores cidades. Notícias também eram veiculadas pelo sistema Chasqui na velocidade de 125 milhas por dia. Os incas também promoviam a mudança de populações conquistadas como parte da criação a "Rodovia Inca", que foi idealizada para ser usada nas guerras, para o transporte de bens e outros propósitos. Esta troca de populações (manay) acabou promovendo a troca de informações e propagação da cultura Inca. Todo o Império Inca foi unido por excelentes estradas e pontes. Sua extensão máxima era de 4.500 km de comprimento por 400 km de largura, o que dava 1,800,000 km² de extensão.
O período de máxima expansão do Império Inca ocorre a partir do ano 1450 quando chegou a cobrir a região andina do Equador ao centro do Chile, com mais de 3000 quilômetros de extensão.
A CONQUISTA ESPANHOLA
-Antecedentes
Quando Huayna Capac se tornou o imperador inca, houve uma guerrade sucessão que algumas fontes sustentam que durou cerca de doze anos. A causa alegada dessa guerra é que Huayna teria sido muito cruel com o povo.
Rumores se espalharam pelo Império Inca como fogo sobre um estranho "homem barbado" que "vivia numa casa no mar" e tinha"raios e trovões em suas mãos". Este homem estranho começava a matar muitos dos soldados incas com doenças que trouxera.
Quando Huayna Capac morreu, o império estava desgastado e ocorreu uma disputa entre seus dois filhos. Cuzco, que era a capital, havia sido dada para o suposto novo imperador Huascar, que foi considerado como pessoa horrível, violento e quase louco atribuindo-se a ele o assassinato da própria mãe e da sua irmã que forçara a desposá-lo.
Atahualpa reivindicava ser o filho favorito de Huayna Capac, posto que a ele fora dado o território ao norte de Quito (cidade moderna doEquador) razão porque Huascar teria ficado muito bravo.
A guerra civil de sucessão se travou entre os dois irmãos, chamadaGuerra dos Dois Irmãos, na qual pereceram cerca de cem mil pessoas.
Depois de muita luta, Atahualpa derrotou Huascar e então, conta-se, era Atahualpa que estava enlouquecido e violento, tratando os perdedores de forma horrível. Muitos foram apedrejados (nas costas) de forma a ficarem incapacitados, nascituros eram arrancados dos ventres das mães, aproximadamente 1500 membros da família real, incluindo os filhos de Huascar foram decapitados e tiveram seus corpos pendurados em estacas para exibição. Os plebeus foram torturados.
Atahualpa pagou um terrível preço para tornar-se imperador. Seu império estava agora abalado e debilitado. Foi neste momento crítico que o "homem barbado" e seus estranhos chegaram, cena final doImpério Inca.
Este estranho homem barbudo veio a ser Francisco Pizarro e seus espanhóis da "Castilla de Oro" que capturaram Atahualpa e seus nobres em 16 de novembro, do ano de 1532.
-A dominação espanhola
Atahualpa estava em viagem quando Francisco Pizarro e seus homens encontraram o seu acampamento. Pizarro enviou um mensageiro a Atahualpa perguntando se podiam se reunir. Atahualpa concordou e se dirigiu ao local onde supostamente iriam conversar e quando lá chegou, o local parecia deserto. Um homem de Pizarro,Vicente de Valverde interpelou Atahualpa para que ele e todos os incas se convertessem ao cristianismo, e se ele recusasse, seria considerado um inimigo da Igreja e de Espanha.
Como era esperado, Atahualpa discordou, o que foi considerado razão suficiente para que Francisco Pizarro atacasse os incas. O exército espanhol abriu fogo e matou os soldados da comitiva de Atahualpa e, embora pretendesse matar o Inca, aprisionou-o, pois tinha planos próprios.
Uma vez feito prisioneiro, Atahualpa não foi maltratado pelos espanhóis, que permitiram que ele ficasse em contacto com seu séquito. O imperador inca, que queria libertar-se, fez um acordo com Pizarro. Concordou em encher um quarto com peças de ouro e outro um com peças de prata em troca da sua liberdade. Pizarro não pretendia libertar Atahualpa mesmo depois de pago o resgate porque necessitava de sua influência naquele momento para manter a ordem e não provocar uma reação maior dos incas que acabavam de tomar conhecimento dos espanhóis.
Além disto, Huáscar ainda estava vivo e Atahualpa, percebendo que ele poderia representar um governo fantoche mais conveniente para a dominação por Pizarro, ordenou a execução de Huáscar. Com isto, Pizarro sentiu a frustração de seus planos e acusou Atahualpa de doze crimes, sendo os principais o assassínio de Huáscar, prática de idolatria e conspiração contra o Reino de Espanha, sendo julgado culpado por todos os crimes condenado a morrer queimado.
Já era noite alta quando Francisco Pizarro decidiu executar Atahualpa. Depois de ser conduzido ao lugar da execução, Atahualpa implorou pela sua vida. Valverde, o padre que havia presidido o processo propôs que, se Atahualpa se convertesse ao cristianismo, reduziria a sentença condenatória. Atahualpa concordou em ser batizado e, em vez de ser queimado na fogueira, foi morto por estrangulamento no dia 29 de agosto de 1533. Com a sua morte também acabava a "existência independente de uma raça nobre".
A morte de Atahualpa foi o começo do fim do Império Inca.
A instabilidade ocorreu rapidamente. Francisco Pizarro nomeouToparca, um irmão de Atahualpa, como regente fantoche até a sua inesperada morte. A organização inca então se esfacelou. Remotas partes do império se rebelaram e nalguns casos formavam alianças com os espanhóis para combater os incas resistentes. As terras e culturas foram negligenciadas e os incas experimentaram uma escassez de alimentos que jamais tinham conhecido. Agora os incas já haviam aprendido com os espanhóis, o valor do ouro e da prata e a utilidade que antes desconheciam e passaram a pilhar, saquear e ocultar tais símbolos de riqueza e poder. A proliferação de doenças comuns da Europa para as quais os incas não tinham defesa se disseminaram e fizeram o seu papel no morticínio de centenas de milhares de pessoas.
O ouro e a prata tão ambicionados por Pizarro e os seus homens estava em todo o lugar e nas mãos de muitas pessoas, subvertendo a economia com a enorme inflação. Um bom cavalo passou a custar $7000 até que, por fim, os grãos e gêneros alimentícios acabaram mais valiosos que o precioso ouro dos espanhóis. A grande civilização inca, tal como conhecida, já não existia.
APÓS A CONQUISTA ESPANHOLA
O Império Inca foi derrubado por menos de duzentos homens e vinte e sete cavalos mas também por milhares de ameríndios que se juntaram às tropas espanholas por descontentamento em relação ao tratamento dado pelo Império Inca. Francisco Pizarro e os espanhóis que o seguiram oprimiram os incas tanto material como culturalmente, não apenas explorando-os pelo sistema de trabalho de "mitas" para extração da prata Potosí, como reprimindo as suas antigas tradições e conhecimentos. No que se refere à agricultura, por exemplo, o abandono da avançada técnica agrícola inca acabou instalando uma persistente era de escassez de alimentos na região.
Uma parte da herança cultural foi mantida, tratando-se das línguas quíchua e aimará, isto porque a Igreja Católica escolheu estas línguas nativas como veículo da evangelização dos incas, daí passarem a escrevê-las com caracteres latinos e ensiná-las como jamais ocorrera no Império Inca, fixando-as como as línguas mais faladas entre as dos ameríndios.
Mais tarde, a exploração opressiva foi objeto de uma rebelião cujo líder Tupac Amaru considerado o último inca, acabou inspirando o nome do movimento revolucionário peruano do século XX, o MRTA, e o movimento uruguaio dos Tupamaros. A história de planeamento econômico dos incas e boas doses de maoísmo são também a inspiração revolucionária do atual movimento Sendero Luminoso no Peru.